Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.
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Peguei emprestado esse texto de Oscar Wilde, porque me deu uma vontade louca de falar sobre meus amigos. Sempre procurei dar importância para as amizadesi, mas de uns tempos pra cá, isso tem ficado muito mais forte em mim. Não sei se posso chamar de maturidade, consciência, necessidade, sei lá. O fato é que cada dia que passa eu agradeço mais por essas pessoas especiais que cruzaram meu caminho (e pelos que ainda vão cruzar), mesmo que não tenham permanecido muito tempo. Gosto, lembro, sinto saudade... e muitas vezes me pego rindo sozinha lembrando dos nossos feitos. Alguém um dia disse que quem tem amigos nunca está sozinho. Concordo, pois mesmo estando eu sem a companhia física deles, eles estão sempre em meus pensamentos e isso me alegra muito. Muitos com certeza não sabem do tamanho do meu apreço, mas isso não é decisivo para mim. Eu me sinto feliz e honrada por tê-los comigo. Como não acredito em acaso, nem que essa seja minha única existência, certamente muitos deles são reencontros. Só posso dizer: sejam muito bem-vindos meus queridos e recebam meu caloroso abraço. Acho que estou um pouco sensível hoje... hehehehe